[ensaio]

Sobre, Acerca, Como


Não tão frio que não possa esquentar ou nem tão sujo que não possa limpar, meio que sim, meio que não. E mesmo agora apesar de tudo isso ter passado você ainda cria os seus próprios feriados do ano, transforma o relógio de meio dia em meia noite quando os ponteiros já não se encontram mais em mecânica de engrenagem, meio que sim, meio que não.


Sim tão longe que não se pode mais enxergar ou tão perto que não se possa alcançar, meio que não, meio que sim. Os períodos de mais a mais não fazem rodeios em tâmaras, nem o cortiço de meu almoço faria a janta ir tomar banho. E mesmo antes dentro nada disso ter futuro eu criaria os meus próprios relógios de minuto, transformando agosto em abril quando os dias já não se encontram mais em calendas, meio que não, meio que sim.


Sobre o invólucro que me deu duas três da manhã, pergunte para Kafka sobre ele preferir o seu café mal passado. Uma alegoria certa de que o inverso dos fatores alteram o produto quando o mesmo produto já não se encontra mais a mais, sim fazendo torneios em câmaras, com o feitiço da minha janta que fez o almoço não tomar banho. E mesmo depois ocupo nisto o presente de calendas e cronos, meio que sim, meio que sim.


Acerca do envolto do verme que não roeu a minha carne, pois estava mal passado. Se espera de uma maçã um pêssego quem dirá um papagaio de um corvo, o nunca mais de Allan Poe se mistura com o para todo sempre de um genérico livro de fantasia, o final previsível de artigos em períodos distintos, se não te pertence não deveria pagar por isso, então ele assaltou a loja da esquina pois achou justo ter o que não tinha e foi julgado pela mesma lei que tornou minuto em hora, mês em dia e calendas em cronos, mesmo tudo não sendo a mesma coisa, meio que não, meio que não.


Como poderia ser isso em torno de um mesmo círculo sem sentido de Vivaldi, ele se perguntava em que nota o juiz julgava o seu crime de existir, ele presumiu dó maior pois o tom que colocava na entonação que gritava 'culpado' era exatamente o mesmo. Ele se encontrou consigo mesmo numa parede de cinza com camas usadas por outros relógios como ele. A medida em que passava ele pelo entorno que lhe deu a culpa, te permitia assim o perdão que eximia sua vida curta. Se eu me lembro bem enquanto passava em linha teu desalento, ele memorou nas paredes com seus ponteiros, a frase que dizia:


"Sobre a mesa uns minutos, Acerca as horas, Como dias sem janeiro ou janeiros sem dezembro."